Cole o Código do Banner

30 de mar. de 2007

Final Feliz ...


— E então?
Perguntou Flávia,
assim que ele chegou.

Antonio olhou para ela como quem
tem muita coisa a dizer,
mas nada disse.

Foram para o barzinho de costume, no antigo shopping.
Ela ansiosa, nervosa mesmo, ele com um "que" de misterio.

Mas logo que sentaram para conversar Antonio sorriu.

— Está tudo bem, garantiu.
_ Ele acabou por entender.

— Entendeu?
_ Como assim?
_ O que foi que ele disse?

— Que sim, que entendia,
que essas coisas podem acontecer.

— Logo que você falou?
_ O que foi que você disse a ele?

Antonio fechou a cara e acendeu um cigarro.

— Eu só deixei clara a situação,
o que estava acontecendo entre nós.
A princípio ele ficou calado, sério,
pensei que fosse reagir mal.
Mas logo depois começou a fazer mil perguntas.

— Perguntas? Que perguntas?

— Ah, bobagens, besteiras.
_ Eu até estranhei a reação dele,
mas depois percebi que estava ganhando tempo para se controlar.

Flávia desviou os olhos para um ponto qualquer, longe.
Parecia meio decepcionada, Antonio percebeu.

— Pensei,
disse ela lentamente,
_ que fosse ficar zangado, puto mesmo.
_ Ele é mesmo imprevisível.
_ Estamos casados há quase oito anos.
_ Sempre pensei que fosse apaixonado por mim.

Antonio, pasmo...

— Estão casados?

— É, quer dizer, ainda não nos divorciamos, você sabe.

Antonio amassou o cigarro no cinzero com uma ruga na testa.

— Se você quer muito saber,
acho que ele ainda é mesmo louco por você.
_ Ficou falando de coisas sem importancia
enquanto eu esperava uma resposta mais clara,
uma solução para o impasse.

Flávia, rápida, disse;

— Impasse?
_ Você chama nosso envolvimento de impasse?

Ele sorriu de leve e teve vontade de beijá-la
ali mesmo, mas se segurou.

— Não, sua boba, não estou falando do nosso caso,
estou falando dessa situação toda.

Ele demorou a se definir, acho que não queria bancar
o insensível.
Ou então segurou a onda pra não parecer um fraco,
manter uma atitude digna.
Houve um momento em que pensei que ia desmontar,
ficou de cabeça baixa.

— O Gil?
Ela perguntou com um leve sorriso.

— O Gil.
Ficou parado olhando para o chão como quem
procura uma saída. Mas depois voltou a me encarar
e começou a falar da vida de vocês,
de como andavam muito distantes ultimamente.

— Culpa dele, que está sempre viajando pela empresa,
tratando de negócios em outros países.
Deus sabe quantas vezes desejei um homem perto de mim.

Com um largo sorriso, Antonio
— Agora você tem um em tempo integral.

Ela nem ligou e seguio.

— Tem certeza que foi só isso que ele disse?
— Quase só isso.

Mais um silêncio sem graça.

— Eu devia ir ao encontro dele, você não acha?
— Se você acha que deve, vai sim.

Respondeu Antonio, agora, de cara fechada.

— Tenho que voltar lá para pegar minhas coisas,
tomar todas as providências.

— Claro. Quer ajuda?
— Pode não pegar bem, você voltar lá comigo
para ajudar, fazer a mudança.
_ Não quero que ele fique ofendido.

Chega a separação, que ele nunca esperou.

_ É, tenho que conversar com ele, afinal ainda é meu marido.

— Ainda? Me diga uma coisa, você está arrependida?

Durante uns segundos, houve um silêncio cheio de ambigüidade.
Depois ela olhou nos olhos dele e fez um carinho em sua mão.

— Você é o homem mais inteligente e mais sensível
que encontrei em minha vida.

Levantando-se acrescentou:

— Te ligo mais tarde.

Antonio pagou a conta e foi ao cinema.

Precisava muito de um FINAL FELIZ.

**
Adaptação do conto CASAIS
de Sorriso Maroto


Creative Commons License
Esta obra está licenciada por

Licença
Creative Commons
.

3 comentários:

AMELIA disse...

Gostei muito desta adaptação.
Mostra bem a incerteza de sentimentos que as pessoas as vezes nutrem, ou então apenas usam de outro para uma auto-afiramção ou massagem no ego.
E ai você coloca muito bem a decepção, de não ter acontecido a tão espera crise de ciúmes!!!
Beijos
Parabéns

Anônimo disse...

Oi Poeta, mas do que nunca, você diz o que quer nas entrelinhas.
Conheço o conto e esta sua adaptação nos leva para outros rumos.
Parabéns.

Beijo...

Anônimo disse...

Poeta, não li o texto desta adaptação, mas pelo que sentir, foi um triangulo amoroso sem cumplicidades, não concordo com esta situação, mas se existir e se existir amor das partes recentes tem que ter cumplicidades em tudo, conhecer até as reações do outro, sentir uma decepção por parte do Antonio, em relação a menina, na realidade ouve da parte dela uma busca de auto afirmação, achando que o marido era ainda apaixonado, com a negativa, ouve um gelo dos lados, logo a procura de um final feliz, que ele só encontra neste momento num bom filme, pois seu sonho não se realizou, a integração total!!!, é muito difícil este analise, mas é o que sentir!!!


— Pensei,
disse ela lentamente,
_ que fosse ficar zangado, puto mesmo.
_ Ele é mesmo imprevisível.
_ Estamos casados há quase oito anos.
_ Sempre pensei que fosse apaixonado por mim.


Poeta, tudo que escreve, nos faz sentir e analisar, as vazes não entendemos o certo, mas falamos o que sentimos pelo dançar das palavras, podemos estar no ritmo errado, mas é um exercícios de pensar!
Um beijo menino.