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5 de out. de 2007

Eu sei menina ... eu sei.


Já é noite faz tempo e aqui na solidão
do estranho quarto, pensando na vida,
nos filhos, negócios, nada satisfaz a
vontade de pensar você.

Quero me transportar até você
com a rapidez de algumas paixões.
Te procuro pelo mundo conhecido e
por outros que nem sei se existem.

Grito teu nome com voz de pressa.
Passo por cima de cordilheiras,
picos nevados, imagens surreais.

Chego ao Sol,
ao lugar do frescor, da praia,
do sol, mar e futebol.
Passo raspando por igrejas e
universidades, gritando meio
rouco por você, até que...

Pela janela iluminada,
com lâmpada amarela e cortinas
finas de um tecido alvo que de tão
leve, nem com a minha chegada,
barulho algum se faz.

Te acho deitada sem pudor
em tua cama desalinhada
e apenas tua.

Os lençóis como que me esperando,
deixam teu corpo semi-coberto,
tapando apenas teus pés e uma
nesguinha de bumda.

Com cuidado sento a tua frente
com vontade suprema de te acordar,
te beijar, te ninar,
mesmo que possas pensar ser apenas
sonho.

Contendo minhas vontades,
passo eu a sonhar com nós dois,
como se tua efêmera visão, ali,
seminua, ao alcance de meus desejos,
pudesse nos levar de vez a terra
do não-faz-de-conta.

Sigo no dia ensolarado,
passeando por nossa rua,
que agora, na primavera,
é tão parecida com nós dois,
livres, soltos, donos um
do coração do outro.

De volta ao teu quarto,
te vejo agora como a mulher
que sente, que quer, que possui
e é possuída.

Passo de leve minha mão em teu dorso
e sem cerimônia, te mexes faceira,
me oferecendo teus cantos e desejos.

Abres aos poucos os olhos e ao me veres,
teu sorriso preenche o quarto de alegria.
Com tua mão acaricias meu rosto e levantando
apenas o dorso tentas me beijar.

Nesse momento nossos corpos se transpassam
como se fossem feitos apenas de amor,
sem massa, fibras ou dia a dia.

Um instante de dor surge entre nós.
Em teu rosto o sorriso já não ilumina.
Em meu semblante, uma lágrima escorre.

Ao fundo uma balada anima os reais,
os que da terra precisam.

Voltas a deitar e sem te conteres,
teu choro agora é forte.
Nesse momento meu coração dispara,
meus ouvidos doem como se uma campainha
tocasse em seu maior volume.

_ Doutor, telefone para o senhor...

_ Obrigado.

_ Alô, amor?

_ Oi menina.

_ Amor, estava sonhando contigo...

_ Eu sei menina... eu sei.




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6 comentários:

R.Cássia Púlice disse...

Que bom ver o poeta acordado... E com fome... Parabéns! Bjks

Unknown disse...

Simplesmente: adorei.
Senti a falta de tuas palavras...
e agora vejo ...que nunca deixas de pensar em nós...mulheres...femeas....românticas e saudosas...
Gostei mesmo.
Bjo Poeta.

Anônimo disse...

Poeta, os monges tibetanos nós ensina uma técnica de viagem astral, tudo depende da nossa mente e da nossa vontade de estar em determinado lugar e hora, tenho certeza que este poema, relatas uma destas viagens, pra onde se dirigiu você chegou, tenha certeza disso, viveu estes momentos com tantos detalhes sublimes e com muito amor! Parabéns menino!
Já é noite faz tempo e aqui na solidão
do estranho quarto, pensando na vida,
nos filhos, negócios, nada satisfaz a
vontade de pensar você.

Quero me transportar até você
com a rapidez de algumas paixões.
Te procuro pelo mundo conhecido e
por outros que nem sei se existem.

Só uma paixão, o amor, pode nos fazer viajar pelo espaço e chegar a pessoa que temos na mente, as vontades agigantam, os pensamentos se alinham, os sentidos afloram e a alma se transporta... ficamos felizes! Fantástico teu poema! Te beijo com carinho

Unknown disse...

Bom dia, bom dia, bom dia!
Vc está sempre em viagem, se transportando... cada vez que se lê vc está a caminho!
Beijos de bom dia sempre

eLIZ@ disse...

Bom Dia!!

Eu sei...viajar assim,só não sei traduzir essa viagem num belo poema como este!
Todo viajante conhece essa rota!! Ah! E como conhece...eu sei menino...eu sei.

eLIZ@ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.