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19 de mai. de 2008

Santas...?


Qual o sentido de se dar sem esperar?
Qual a forma de conviver com o asco da falta de amor?
Como calar a repulsa da obrigação?
Como evitar o desespero do ser apenas mulher?

Nos caminhos, nas vielas das noites,
a mulher-mundo circula taciturna,
com seu eterno sorriso de resiguinação.

Nos arredores das dores, na necessidade,
seu corpo é provado pelo vento, pelo frio,
pelos homens a percorrê-lo em suas curvas,
sem destino certo,
sem cortesia,
sem remorsos.

Fácil viver do corpo, quem dele não vive?
Fácil apenas dizer sim como moeda de troca?
Fácil demais voltar a solidão dos tostões e lágrimas,
no findar de mais uma noite?

Caminha musa dos meninos.
Sorri amparo dos maduros.
Chora junto aos renegados
pelo tempo e pela beleza.

Ser puta, prostituta, garota de programa,
se tem alma?
Acho que não, quase certo,
que alma,
é coisa de santa.
Mas que santa maior existe,
que ser uma mulher do mundo?

Pode até ser, mas que mulher,
santa ou não, já não sonhou
com o domínio sobre o prazer do homem?

Que mulher já não viveu a fantasiar
prostíbulos, puteiros, satisfações?

Que mulher nunca foi puta em seus devaneios,
em suas caminhadas pelos fetiches femininos?

Podem acreditar,
conheço muitas e quase todas putas.
Umas são casadas, mães, trabalhadoras,
ricas ou pobres, mas são tratadas como tal.

Outras independentes,
mas que se prostituem
nos escritórios enfadonhos,
justo para não largar desse
sonho de encontrar um homem
que as faça puta também...

Então minhas meninas , putas ou putas...

Sejam apenas o que seus desejos pedem,
mesmo sabendo que para amar,
o coração tem que se prostituir ao amor.


Creative Commons License

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

3 comentários:

R.Cássia Púlice disse...

Santas Putas, que somos, e que nos pariu! Muito bom.
Bjks!

Anônimo disse...

Poeta, que bonito esta tua frase... “o coração tem que se prostituir ao amor.”, está sim, que é a fantástica prostituição, que deixa brotar a essência da mulher, onde ela transforma seu santuário num grande bordel, um bordel de um homem só! Este teu poema é reflexivo, a mulher tem que ser respeitada em qualquer situação, pois é um bicho forte e cheio de mistérios, ao mesmo tempo a simplicidade da VIDA! Parabéns poeta!


Qual o sentido de se dar sem esperar?
Qual a forma de conviver com o asco da falta de amor?
Como calar a repulsa da obrigação?
Como evitar o desespero do ser apenas mulher?

Nos caminhos, nas vielas das noites,
a mulher-mundo circula taciturna,
com seu eterno sorriso de resiguinação.

Seja apenas o que seus desejos pedem,
mesmo sabendo que para amar,
o coração tem que se prostituir ao amor.

Somos putas bonitas de almas! Kkkk basta o mundo usar lentes do amor!

Você é fantástico!

Te beijo

Unknown disse...

Tradução literal de um sentimento inexplicável...
Continuo a pensar..que homem é este.....
Parabéns.