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20 de jul. de 2009

Plantador de Sementes...




Há dias, sei que há,
que não podemos, ao menos, conviver com nossas próprias vontades e virtudes.
Há horas, sei que há,
que nem os minutos passados em nossa própria companhia,
pensando na vida, os efêmeros segundo nos repelem.
Há vidas, sei que há,
que se precipitam junto às dores, na escuridão das desculpas.

Mas sei que existe o plantador de sementes, a nova flor,
o frágil beija-flor, o colhedor de rosas, o anjo guiador da simplicidade em sabermos que há sempre uma porta, um caminho a se transpor.

Enfim disso todos sabem, mas temos que acreditar.

Será que viver da dor,
do amor dos outros,
da pena ou da resiguinação forçada,
nos preenchera pelo caminho, que pretensiosamente,
achamos-nos merecedores?

Não tenho mais que minha vida para julgar as esperanças, caminhos e covardias, de outros.

Ao reler meus dias, os vejo cheios de atropelos,
repletos de ideais egoístas.
Porque não taxá-los de egocêntricos,
já que conduziram minhas decisões a desterros e desertos de opiniões,
em partidas sem trilhas e voltas prepotentes?

Pedras pequenas se transformavam em muros,
que se fechavam ou dividiam em duvidas.
Para logo à frente, multiplicarem-se em novas pedras,
em mais outros enormes muros.
Como para todos, é círculo mundano, com suas alamedas entrecortadas de luz e decisões sombrias.

Cremos ser mais fácil trilhar os atalhos.
Posso garantir que na maior parte das vezes,
vemos-nos inseridos nas entranhas desconhecidas
de um labirinto arenoso em fazer caminhos pelo mais fácil.

Recorrendo a tenra razão das letras,
me via recomeçando sempre quando imaginava estar terminado,
sem mais muros para transpor.

Por dias, horas e instantes,
orgulhava-me das certezas,
quase sempre muito mais incertas que visões
de solução.

Um lápis, uma caneta, ou linhas ininteligíveis,
fizeram-me um papel em branco, com linhas retas e vazias.
Sem cor, sem emoção, sem textos de amor ou dor.

Mas ainda sou cor humana, dor e certeza de vida.
Doente, abastado ou miserável.
Vivendo na falta da luz que os amanhãs nos trazem.
repetidamente a cada novo gesto, a cada nova magia.
Primeiro nos parece que fomos emparedados,
depois sem horizontes, nos vemos sós, em deprimentes
constatações de impotência e fraqueza.
Na realidade dos altos e baixos de nossa estima,
voltamos à culpa para a vida, o destino, os outros,
que juramos melhores e mais felizes.

É sempre mais consolador, uma desculpa comprar, na experiência de alguém.
Do que erguer-se, assumir que a dor e a penúria, são partes indispensáveis de nossa redenção.

Por momentos, o respirar se torna um incomodo arfar, indeciso,
medroso e lento.
Mas contorne a próxima virada, a imediata esquina,
onde seus tormentos se darão conta que há uma saída.

Estaguinada na conformidade, o motor da vida pegou
no tranco, num sopro vivo do coração.
E no momento derradeiro do seu pesar, aquilo que pensava ser o fim, desabrochou na simplicidade de um botão de rosa, que alimenta o frágil beija-flor, que encanta o jardineiro e faz um sorriso surgir
em tua face.

É o prefácio, o início do recomeço.

Aproveite, que daquele pequeno ponto de luz,
surgirão outros contextos, diversos caminhos,
bem-vindas soluções.

E para o poeta inquieto com tua dor, tormento e destino,
apareceram estas letras, que valentes sobreviveram em tua homenagem.

No teu desespero, chora em mim, que poucas e banais
palavras se formarão te propondo um novo contexto,
te acenado para uma simples e comum vida.

Sejamos fortes, mesmo em lágrimas...


Creative Commons License

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.


2 comentários:

Nanci Cerqueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
R.Cássia Púlice disse...

Nossos atalhos não são mais que longos destinos traçados e tracejados com o conta-gotas...
O que nos vale são as pequenas bifurcações de grandes demonstrações de afeto que encontramos nessa nossa caminhada...
Mil carinhos...
Mil Bjks.