que vai machucando esse coração ainda criança,
que abandonado aos meandros das lembranças,
dos tempos de fogo,
chamas em paixões que durariam por todos os dias,
sorri de forma amarga e sozinho.
E dói, dói muito mesmo.
Numa idade em que a vida escasseia a minutos únicos por hora,
toda saudade, toda nostalgia, passa a ser,
tornam-se grandes planos ou metas inalcançáveis.
É ...
tudo em que pudemos sorrir,
ganha uma importância quase que abençoada,
mas atroz em sua realidade...
Sem mais, quase meia noite, penso você.
Linda, cabelos salpicados pela chuva,
vindo em minha direção, com sorriso
maroto nos lábios, cantarolando música,
nossa música, hoje eterna.
As pessoa nos rodeavam e impediam que nossos braços
logo se alcançassem...
Lembro da longa escada do barco ancorado as margens da Lagoa,
onde frenéticas matronas, faziam sua caridade anual...
E lá, no meio daquele louco espaço,
tentávamos escapar e sermos só nós dois,
naquele dia planejado em fugas, beijos e juras.
Éramos amor.
Loucos apaixonados em derradeira viagem real.
Ao sentir teu corpo molhado colar ao meu,
a chuva evaporou, o sol não apareceu, a noite
tornou-se dia, meu coração parou.
Como foi bom.
O tempo passou.
De tua vida pouco sabia.
De minha estória, nem te lembravas de perguntar.
Sabia que tinhas casado e separada estavas,
mas só...
Eu casado, infeliz continuava tentando.
A culpa foi do linguado...
Ao separar o peixe, no limpo mercado do pescador,
na Barra da Tijuca...Rio.
Não poderia imaginar que minha maior alegria
seria te ver outra vez e tão bonita, serena,
mas mulher que nunca.
- Oi...
Ao virar-me deparei com teus olhos verdes,
ainda teus longos cabelos, teu sorriso suave,
a perguntar-se se aquele seria eu mesmo...
_ Ana...?
_ Minha Ana...?
Um sorriso lindo sorriu te rosto.
_ Sim, sou eu ..."tua Ana Lúcia".
Outros momentos ainda vivemos.
Escassos sim, mas verdadeiros,
para logo sentirmos que nossas realidades
eram passadas demais...
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Nenhum comentário:
Postar um comentário