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20 de ago. de 2009

MULHER - Final...



A menina tem coragem,
vive quase livre em um quarto de hotel.
Não tem irmãs nem irmãos,
nem pai nem mãe.
Canta num clube noturno.

A primeira vez que a vi, ela me levou para sua casa.
Não perguntou meu nome, mas me chama de Perigo.
Eu a chamo de "MULHER".

É assim mesmo, Mulher.
ELA, que sem querer, mostrou uma jornada,
um caminho novo para o desejo.

Em tempos assim, fico nas ruas pelas noites.
Vagueio no iluminado artificial dos becos chiques
e casas festivas da moda.

...E penso nela.

Hoje, estou outra vez no clube.
Não falo com ela.
Uma vez ou outra, ela me lança um olhar frágil.
Por vezes, me olha no meio das canções,
com olho de saudade, como se para mim
cantasse.

Nesses momentos, penso no ontem.
Não lhe pedi para me lavar pra sua casa.

Se ela é especial?
Com certeza não é comum.
Vitima orgulhosa de mil assédios,
ela é dura com os homens.

É hora do seu show,
sento na primeira mesa, de frente,
perto de seu cheiro, de sua voz,
de seus desejos.

Entoando um blues antigo, ela me comove.
Olhando o infinito, me perco em rápidas
escapadas da realidade.

Em seu quarto, depois do banho,
ela vem e sem mais, pede com a força
de quem manda.

- Me toma agora, me possua vestido mesmo.

Logo deixando a tolha, que guardava seu corpo,
escorregar solta até seus pés.
Mostrando de vez seu corpo, ainda frio da água,
que em gotas, escorre por seu peito,
buscando lugares sagrados.

Empurrando-a com decisão para cama,
inicio meu passeio por seu corpo,
que se abre inteiro para meu deleite.

Acaricio seus seios,
sempre com minha boca colada a dela.
Sem deixar que o sabor desse beijo,
se perca, nos segundos vazios,
entre minhas caricias.

Após o amor, ela se veste com minha camisa
e blazer, deixando sempre a mostra suas pernas.
Se recosta na cama, acende um cigarro e se vira
para o lado, satisfeita e alheia a minha presença.

_ Era disso que precisava.
Diz sem se virar.
- Um homem independente, um artista das letras
e dos negócios.

Eu por minha vez, a observo.
Acendendo meu cachimbo,
inundo o quarto com um suave aroma
de natureza, de flores do campo,
de sexo satisfeito.

E ela fala... fala e fala...

Diz, que se nada tivesse o que fazer,
ficaria o dia todo na cama.
Fazendo amor, criando estórias,
vivendo nós dois.

Sem mais, se vira e diz com a seriedade estampada
no rosto, agora frio e extremamente sério.

- É hora de você ir embora.
- Adeus pra sempre.

Levanto e caminhando para a porta,
paro e lhe dou um beijo no rosto.
Ela me abraça, tentando me beijar a boca,
mas saio sem dizer palavra.

Voltando para meus dias, minha vida,
indago a mim mesmo porque,
Mulher é tão confiante, tão segura,
em sua missão de ser difícil,
de me fazer paciente?

Estou certo que não há nenhuma ligação,
chance alguma, de haver uma continuidade.
Mas tenho com ela e nela,
meus pensamentos mais fortes.

Hoje, noite fria, passando no hotel,
faço com que se vista com o vestido mais
bonito e saímos para dançar.

Em uma boite conhecida, dançamos colados,
com corpos e bocas muito próximos.
Seu decote generoso deixa a minha disposição
seu dorso nu.

A musica nos embala gostoso e num abraço disfarçado,
ela se aconchega a mim, se entregando de vez,
ao ritmo de nossos corpos.

Aos poucos com extrema suavidade, percorro seu pescoço,
com leves beijos, com minha respiração quente a lhe causar
pequenos arrepios.

A enlaço com mais força, fazendo com que nossos lábios
quase se toquem, se procurem, sem admitirem
o desejo que sentem um pelo outro.

- Perigo, quero teu beijo.
- Me faz tua pra sempre, agora.
- Só penso nos momentos que passamos juntos.
- Me abraça forte, antes que a musica acabe.

Sem perceber, vou dizendo palavras sentidas,
emocionais, suaves, bem pertinho de sua boca.

- Mulher,
lembra dos tempos que ainda menina,
sonhavas com o campo cheio de margaridas e jasmins.
Onde livre, corrias pelos caminhos que tua imaginação
te levasse?
- Colhias pequenas flores e as colocava nos cabelos.
- Sentias a força de teus desejos a aflorarem em tua tenra idade.
- Sentavas horas a admirar teu futuro de risos e sem lágrimas.

- Agora, apenas revive esses momentos e te solta,
pois estou aqui para te levar em minhas viagens,
em minha realidade de desejos e paixão.

- Perigo, o jeito com que falas, me deixa com medo.
- Ninguém jamais me falou assim.
- Você é terno, romântico.
- Porque és assim, Perigoso?

Nesse momento, pegando sua mão com firmeza,
saímos da boite e no caminho para o carro,
paro olho fundo em seus olhos e a beijo
com fome, com o ardor próprio,
que só se encontra no momento exato do pré-amor...


Parte II - Cantando com você...

Ela nua, deixa sua armadura de lado,
sendo minha com calma, com carinho e confiança...

Colocando-a de bruços,
depois de longos minutos colhendo
delicias em sua boca.
Que agora livre, canta baixinho,
Piece By Piece com Katie Mellua,
começo a explorar seu corpo.

Me deixo contagiar pela canção
e sigo o ritmo de sua voz,
mordiscando, beijando suave sua nuca.
Provando seu gosto de pele real,
seu perfume marcante,
seus cabelos a emaranharem
em meus dentes.

Ela se entrega e aos poucos,
vai deixando claro que gosta muito
de sentir meus carinhos.
Deixa seu corpo relaxar.
Seus músculos geralmente tensos,
se estiram por completo,
afeitos que estão,
as caricias e aos meus venenos.

Em seu dorso, sigo a linha curva,
linda, feminina, mulher.
Mulher reage se estica, se encolhe
e entoa mais alto os versos
da canção...

"Para os seus suspiros nos meus sonhos,
na minha mente e no meu coração.
Porque seus beijos
são mais profundos que minha pele"

Novas sensações se apoderam de nós.
Beijo sua bundinha linda,
sem marca alguma de praia.
Ora leste, ora oeste,
brinco com seu caminho mais guardado
e chego provando, degustando com paixão,
suas verdades de mulher.

Estamos prontos, dispostos ao amor,
ao sexo, a entrega hoje, sem pensar,
sem ditames, regras ou futuros esperados.

Ainda com ela de bruços,
vou aos poucos,
com extrema suavidade,
dando a ela minha virilidade louca.
Quero que sinta toda a paixão
que me faz viver.

Ela se contenta em fechar seus olhos,
morder com força minha mão e
com entrecortadas palavras,
com indecifráveis sons,
a sentir que sou todo seu
e manda, pede, indica, que agora,
quer que a faça fêmea,
com mais força, com mais posse.

Fala que não pense nela.
Que seja egoísta e que
deságüe em suas entranhas,
toda a minha vontade.

Nesse ponto a possuo
como a uma égua selvagem.
Imponho minha permanência em seu intimo.
Mordo com força seu ombro.
Puxo-a para mim,
transformando nossos corpos
em apenas uma onda de calor,
vontades e tesão.

Antes do meu sorriso final,
sua voz se cala.
Ela morde mais forte minha mão.
Acelera seu transe, batendo com força
seu corpo contra o meu.
Buscando louca seu gozo,
nosso gozo agora, sem amanhã,
sem circunstancias, sem nada além
da paixão e da entrega.

Ainda deitado sobre seu corpo,
sem muito mexer, evitando que nossos
corpos se separem.
Pulso ainda vivo em seu interior,
fazendo surgir um leve sorriso de
concordância no canto esquerdo
de sua boca.

Virando-a beijo sua face,
seus olhos, sua boca.
Acaricio seus cabelos,
roço minha barba em seu rosto,
recebendo um abraço forte,
de poder, de posse, de submissão.

Assim, Mulher adormece tranquila.
Com um passar a mais do tempo,
levanto devagar, visto minhas
roupas e a deixo.

Saio pensando na musica que
embalou nosso amor...

_ "Pedaço por pedaço,
é como eu deixarei você.
Beijos por beijos,
deixarão minha memória,
um de cada vez,
um de cada vez em você."


Parte III - Amores e Desejos

Ao deixá-la, ainda sinto seus olhares,
sua expressão mais intima.
Algumas de suas verdades foram descobertas.
Do amor, do sofrimento, da insegurança,
da vontade real do carinho.

Mulher, pouco sabe de mim.
Nada mais do que a deixei saber.
Enquanto ela, por sua vez,
esta aos poucos, se descortinando
insensatamente para mim.

Ela gosta de usar palavras e frases como;

_ Quem se importa com o que outros sentem?

Em momentos mais sérios;

_ Por que não posso fazer o que quero?
_ Só faço o que me deixa feliz.
- Quem me quiser, que aceite como sou.

É pura retórica de sua insegurança disfarçada.
Suas defesas se deixam abalar,
quando sente a volúpia, o tesão,
um amor que possa doer.

Ainda é cedo, vou à casa de uma amiga.

Isabel é uma mulher de trinta e quatro anos,
conscientemente independente.
Muito fogosa, extremamente bonita,
que sabe como poucas, entender o
coração de homens afeitos a
fortes paixões.

- Quer beber alguma coisa?
- Tenho um vinho especial,
feito só para nós dois...

Sorri de um modo que só ela sabe fazer.

_ Obrigado menina bonita.
_ Um copo para te acompanhar.

Encontramo-nos há uns seis meses.
Isabel trabalha na empresa de um amigo.
Trocamos telefones em uma reunião de negócios
e desde então, estamos juntos,
sempre que a vontade é forte.

Ela é especial realmente.
Sabe bem o que esperar de
relacionamentos como o nosso.

_ Saudades de você menino.
_ Como vai a cantora?

À vontade, era falar sobre Mulher com Isabel.
Afinal foi esse o real motivo de minha visita.
Mas vendo-a tão carinhosa, tão meiga, desisti
de tratá-la como simples ouvinte e ter
a consideração que toda mulher merece.

Afinal não se fala de uma mulher com outra...

_ Nada disso menina.
_ Passei aqui também para te dar um beijo
e dizer que gosto demais de ter você
sempre comigo.
_ Saber como andam as coisas e fingir que
nada de mais esta acontecendo comigo agora.
_ Não olhar para o teu corpo,
nessa camiseta que deixa eu ver teus segredos.
_ Conseguir beber esse vinho maravilhoso e
não ter despertada uma tremenda vontade,
uma paixão de ter você... rs

- Menino, você esta para a cantora,
como eu para você...
_ Totalmente apaixonados...rs

Nessa hora queria poder mandar no coração
e dizer a ele que ali estava uma mulher,
que além do amor, me daria momentos
de muito prazer e tranquilidade...

_ Sabes que não posso te ajudar com meu amor.

- Infelizmente eu sei menino.
- Parece que esse é o real encanto dos apaixonados.
- Não fica triste, hoje não será a ultima vez,
em que estaremos frente a frente,
com vontades proibidas pelas emoções.

Com um beijo, dou adeus a Isabel e
volto ao meu mundo.

_ Passada uma semana, depois de muito trabalho,
problemas e saudades volto ao hotel de Mulher.

Parando o carro um pouco a frente da entrada,
desço e vou até o recepcionista do dia.

_ Boa noite,
verifique se a senhora esta, por favor.

- Boa noite senhor, ela saiu a pouco.
_ Tenho aqui um bilhete que ela deixou,
já fazem uns dias, caso o senhor
a procurasse.

De posse do bilhete coloco-o
no bolso e volto para o carro.
Sabia que Mulher estaria trabalhando.

Dirigindo devagar, chego ao clube
e fico alguns minutos observando o
entra e sai de pessoas elegantes,
com sorrisos feitos para sair na noite.

Resolvendo não colocar fogo na fogueira,
dou uma pequena ré e sigo para casa.

Meio absorto em meus pensamentos,
esqueço por momentos,
o motivo de ter ido procurar Mulher.
Me concentro na saudade dos filhos,
na lembrança de outros amores,
no coração e na razão que nos
fazem tão temerosos.

Ao trocar de roupa, percebo o bilhete
no bolso.
Não sei a razão, porque ainda não o
tinha lido.

Abro a folha de papel muito branca,
datada de cinco dias antes e
percebo uma letra forte e reta.
Mulher, com certeza,
quando escreveu esse bilhete estava
alegre...

Ao ler,
um sorriso estranho brotou em meus lábios.
Não posso dizer que fiquei feliz ou
realmente intrigado,
mas...


Parte IV - Uma Noite curta Demais.

"... Perigoso homem,
se quiser receber teu presente do dia
dos namorados, esteja no Clube às 23:30h.

... Estarei sonhando.

“Mulher.”

A mensagem tocou funda a curiosidade do homem.
O que estaria planejando aquela mente criativa?
Que jogo teria que ser jogado?
Até onde iriam as emoções?

Rasgando o bilhete para não mais pensar
em Mulher, retomei minha vida.

Nos dias seguintes, não faltou vontade de
aparecer no clube.
Tinha saudade de seu cheiro,
do seu modo dengoso ao pedir mais amor,
mais atenção, mais de nós dois.

Não tinha intenção de ir a esse encontro.
Já se passavam mais de quinze dias sem
que nos víssemos.
Mas sentia falta do desafio,
do imponderável, da menina por traz
da mulher.

No dia previsto, uma serie de compromissos
me fizeram esquecer por completo do convite.
Outras coisas importantes teria que fazer.
Outros caminhos iria viver.

No caminho para casa, olhei o relógio do carro,
que marcava exatamente 01:30 da manhã.
Lembrei de Mulher e mudando de itinerário,
cheguei ao clube vinte minutos depois.

Na chegada pude ver que o movimento era grande.
Muitos casais, grupos de amigos, perambulavam
num vai e vem constante pela entrada.

Entrei e não vi nenhuma mesa vaga.
No bar, chamei o bar tender e perguntei
pela cantora ao mesmo tempo em que pedia
algo para beber.

- Boa noite senhor.
- Ela acabou o segundo show há pouco.
- Ainda canta mais uma vez essa noite.
- Deseja que leve algum recado?

_ Não obrigado.
_ Pode tentar conseguir uma mesa?

- Vou falar com o Maitre, só um momento.

Passado um minuto chega o Maitre
com cara de papai Noel,
como se me trouxesse o melhor
dos presentes e muito solicito
me acompanha ate uma mesa meio de canto.

Agradecendo e com a devida gorjeta no bolso,
sorriu satisfeito e se foi.

No palco uma apresentação com três moças
dançavam vigorosamente, contagiando o ambiente.
Havia sensualidade sem ser vulgar.
Essa profusão de corpos me fez
pegar a caneta, alguns guardanapos
e viajar nas letras.

...Dançando você.

Ao te dançar,
sinto em teu movimento tua alma,
tua música.
Em cada volteio, um momento único,
de puro encanto e graça em tuas curvas.

Indescritível instante em que
é pura vida.
Vida pura em expressão e fato.

Do chamado sonho de colher teu amor.
Do tremer de tua voz, noto sofrimento.

Mulher, que minha só, ainda não é.
Vivo de um sonho chamado sonho.
Poetando de passagem, sei que
em sonho, sonhos são perdidos
em momentos já vividos
mesmo em tão doce encantamento...

Sei que me danças num abraço
e em meus braços teu corpo se
desfaz em pétalas brancas,
roubadas da mesa ao lado.
Deixando a bela vizinha,
sozinha com sua beleza noturna.

No momento em que te danço,
nossos corpos flutuam
em suaves devaneios.
Nunca foi tão bom voar,
rodopiar em piruetas proibidas
pelo céu acolhedor de tua boca.

Sentindo o roçar de nossas pernas
nessa sentida dança,
mil ondas perversas,
surgem no interior de nós dois.

Nossos corpos só dançam
pelo prazer.
Nossas bocas, elas sim,
ao se colarem, enviam mensagens
cifradas, codificadas pelo desejo,
reveladas apenas em nossos olhares.

Ao te sentir com mais...

- Oi...
- Tudo bem?
- Chegou agora?

Sem entender nada e não querendo
ser rude, perguntei...

_ Desculpa, mas quem é você?
_ Nos conhecemos?

- Meu nome é Aline.
- Sou amiga da cantora que você veio encontrar.
- Vai ficar para ver o ultimo show?
- Ela quer ver você.

_ Como sabe quem sou?
_ Ela falou de mim pra você?

- Claro!!!
- Não é hoje que ela vai te dar um presente?
- E você, o que trouxe pra ela?
- Não... Não precisa dizer,
adoro surpresas.
- Vou avisar que você chegou.
- Beijo.

Ela se foi, deixando um rastro de
beleza e juventude por onde passava.
Aline era novinha, não mais que uns
vinte e cinco anos.
Loiríssima, diferente de Mulher,
muito queimada de sol.
Seus olhos de um verde marcante.
Seu sorriso era só alegria e malicia.
Seu corpo prometia delicias infindáveis.

Me fez bem a atenção de Mulher.
Mandar uma amiga me esperar.
Vou ficar para conferir isso de perto.

Ao começar o show, Aline voltou
a mesa e meio sem jeito disse
que tinha gostado do meu jeito de ser.

Muito estranho isso...
"Jeito de ser"

Não trocamos mais de meia dúzia de palavras...

Ao iniciar a primeira musica,
um antigo sucesso de Bread,
chamado IF.
Mulher em momento algum olhou em minha
direção.
Aline por sua vez se derreteu em elogios
a beleza e a voz de Mulher.

- Ela não é linda?
- Adoro esse jeitinho que ela faz ao
passar a língua nos lábios.
- Você tem sorte.

A cada musica Aline mais falava
das qualidades de Mulher.

Ao acabar a ultima apresentação,
Mulher olhou em nossa direção e num
gesto gracioso e incisivo mandou
um beijo.

Depois dos aplausos, Aline se inclinou
para mim e sem cerimônia me deu um beijo
demorado no canto da boca e se foi,
dizendo que iria levar esse beijo
para Mulher.

Muito estranho, no mínimo diferente,
o modo de Aline agir comigo.
Notei que tinha verdadeira adoração
por Mulher.

Passado algum tempo, já decidido
a sair dali, chamo a moça que vende
rosas vermelhas e comprei uma.
Ao Maitre, pedi para que levasse
uma pétala para Mulher e outra
para Aline.

Pagando a conta me dirigi para saída,
quando, do nada, surgem lidas,
Mulher e Aline, com seus melhores
sorrisos à minha frente.

De mãos dadas às duas me abraçaram
dizendo em voz baixinha.

- Vamos sair daqui homem perigoso.

Nesse momento um sorriso tímido
surgiu em minha face.
A noite prometia muitas surpresas,
disso tinha certeza.

Ao sairmos...


Parte V - Desejos e Fantasias.

No carro, Mulher a meu lado fuma seu segundo
cigarro.
Aline reclama que ela fuma muito e que
assim ficara velha logo.

Elas conversavam animadas e nesses momentos
o melhor a fazer é escutar e aprender.

Mulher estava linda.
Usava um jeans surrado de cintura baixa,
com uma camiseta regata branca,
sem soutien.
Seus seios pequenos e vivos se moviam
afoitos querendo ser libertados.
Para abrigá-la do frio, apenas um colete
azul de seda.
Para completar, um tênis muito branco
acompanhado de meias azuis.

Vestida casualmente Mulher parece
saber do meu gosto pela simplicidade.

Muito falante como sempre, Mulher
não parava de passar a mão em minha coxa,
enquanto brincava com Aline, relembrando
velhos encontros e aventuras que as duas
viveram.

Em dado momento, reclinou-se sobre mim
e segredou em meu ouvido.

- Quero muito você.
- Saudades de ter você em mim.

Imediatamente Aline protestou do banco
de traz.

- Poxa, também quero saber do segredo.
- Essa noite não podemos ter segredos entre nós.

Olhando pelo espelho retrovisor,
noto que Aline realmente falava sério.

Rápido para o ambiente não ficar tenso,
falo olhando diretamente nos olhos
de Mulher.

_ Não é segredo não menina,
são apenas vontades.

Um momento de reflexão tomou conta
de nossos rostos.

Mulher então sem perder a calma, disse;

- Perigo, hoje vamos te proporcionar um jantar.
- O que deseja comer?

_ O que for gostoso.

Mulher olhou para Aline e começou a sorrir.

Aline sorriu também, olhando para mim
pelo espelho e dizendo;

- A sobremesa será teu presente.

Sorriu com aquele olhar malicioso que
antes me intrigara no clube.

Rodamos ainda um tempo pela cidade.
Chegando perto do Hotel de Mulher,
Aline disse que iríamos para sua casa.
Que ali iria servir um jantar maravilhoso
para nós dois.

A casa dos pais de Aline ficava numa cidade
próxima a São Paulo.
Alphaville me fazia recordar um tempo
em que ia constantemente lá a negócios.

Lugar de casas bonitas, de uma classe
media alta.

_ Não vamos incomodar teus pais há essa hora?

- Não, eles estão viajando para praia.
- Só voltam em uma semana.

Particularmente não me sentia bem com
a situação.
Não me agrada esse tipo de programa.
Sai para estar com Mulher e não para
ficar passeando pela cidade.

Mas quem esta no jogo, tem que apostar alto.

A essa altura Mulher já me fazia carinhos
mais ousados, sem se importar com Aline,
que não parava de contar como entrou
para um programa famoso do domingo,
como dançarina.

Era cada vez mais difícil me conter para
não parar o carro e fazer amor ali mesmo
com Mulher.

Chegando a casa, Aline disse que em tal quarto
havia roupas de banho e que eu poderia me trocar.

Ela e Mulher sorriram sumindo pelo interior da casa.

Meio sem graça, fui à cozinha, enchi um copo
com gelo e soda.
Voltei à sala, achei uma quantidade grande
de DVDS e CDS.
Escolhi um CD de David Samborn,
sentei, acendi meu cachimbo e dei
tempo para as duas voltarem.

Passados uns dez minutos, Aline
surge vestida em um biquíni branco,
que deixava seu corpo de dançarina
a mostra, o que me deixou meio extasiado
com aquela visão maravilhosa.

Com seu bronzeado, suas formas se definiam
num emaranhado de desejos e fantasias.
Mas algo nela me intrigava.
Iria descobrir qual o segredo
que aqueles olhos verdes escondiam.

Ela sentiu meu olhar em seu corpo e
sabendo o que tinha me causado,
me fez uma reverencia e se foi
para o tal quarto com as roupas
de banho.

Voltando com uma bermuda preta,
que com certeza serviria em mim.

- Pronto moço tímido, veste essa que
quero ver tuas cicatrizes.
- Quero saber das histórias de cada uma delas.
- Anda, te espero na piscina. vem me contar.

Saiu da sala, como sempre, sorrindo.

Fui ao quarto para colocar a tal bermuda.
Aproveitei para tomar um banho,
já que sai de casa cedo e me sentia
suado e cansado.
Um banho me faria novo.

Chegando a piscina...


Parte VI - Sexo e Verdades.

A noite estava fria, mas um mergulho
acompanhado de Mulher, espantaria
qualquer arrepio de frio.

Chegando a estufa, onde ficava a piscina,
com sua água aquecida, vi Aline deitada em
uma bóia branca, vestida apenas com a parte
de baixo do biquíni.
Não consegui tirar os olhos de seus seios
de menina, com seus mamilos a apontar o céu.

Procurei Mulher e não a vi a principio,
mas logo, ela surge de um demorado mergulho,
totalmente nua.
Imediatamente todo o frio e as duvidas
se desfazem de meus pensamentos.

_ Vocês são lindas.

Foi o que consegui dizer no momento.
Caminhando lentamente sem perder nada
daquela visão, abri um pequeno refrigerador.
Uma bebida cairia bem.

Achei um champanhe Crystal e algumas
taças no congelador.
Sem pensar duas vezes, peguei três taças,
o champanhe e fui sentar na borda da piscina.

- Você é um sábio Perigo.
- Vamos brindar a essa noite e a tua presença.

Disse Mulher.

Aline se aproximou de nós dois,
pegou uma taça ainda vazia,
sorveu um liquido imaginário,
deu um beijo no cristal e passou
a Mulher, que fez o mesmo e ainda lambeu
a borda com uma sensualidade arrebatadora.

De posse da tal taça, servi apenas um pouco
do champanhe e o coloquei em minha boca sem engolir.

Queria que Mulher sorvesse de meus lábios
o liquido espumante do bom champanhe.
Ao mesmo tempo em que queria ver a reação
de Aline e se Mulher faria o que imaginei.

Não deu outra, Mulher bebeu de minha boca e
sem cerimônia puxou Aline para si,
dando-lhe um beijo na boca, de pura satisfação.

Olhei para as duas e levantei,
fui até um aparelho de som,
colocando um CD de músicas flamencas
que achei ao lado.

Voltando a borda da piscina,
puxei Mulher para mim
num abraço de posse e saudade.

Ficamos assim um bom tempo,
apenas aproveitando nós dois.
Com delicadeza e suavidade,
afastei o rosto de Mulher e dizendo
em tom taxativo.

- Se teu presente é Aline, obrigado.
Mas você me basta.

Mulher me olhou com olhos de rainha
e de pura felicidade.

- Não acha ela linda?

_ Sim menina, claro que é muito bonita.
- Então, não a quer também?
_ Sim Mulher, claro que quero participar
desse amor secreto de você duas.
_ Quero ser o senhor das duas, mas apenas
essa noite.

Mulher se virou para Aline e num tom delicado
pediu que ela fosse buscar o fondue.
Aline fez um beicinho de brincadeira,
dizendo sem tirar seus os olhos dos meus.

- Até que enfim, você notou que existo.

E saiu da piscina rindo muito.
Ela sabia que nunca poderia passar despercebida.
Ela notara o que tinha causado em mim.

Sozinhos agora, entro na piscina e puxo
Mulher para junto de meu corpo.
Um beijo suave, depois outro e por
ultimo um com força, com fome,
deixando claro que a queria ali,
naquele instante e sem a presença de Aline.

Levando Mulher até a borda,
a coloco sentada e ainda de dentro d’água,
beijo seus pés, passeio com a língua,
por suas pernas, me detendo em seu vértice.
Que diferente da ultima vez em que estivemos juntos,
esta totalmente depilado.
Uma porção mágica de emoção inunda minha boca.
Mulher esta pronta para sentir todo o meu desejo,
minha gana, minha vontade de fazer dela,
meu objetivo maior.

Devagar a pego pelos braços e a vou
descendo suave, para que sinta sem pressa,
o que espera por ela e vou sentindo também,
que aos poucos, vou pertencendo a essa
Menina-Mulher, em toda a minha plenitude,
com todo o meu desejo.

Ela sente que agora é ela quem me tem preso
em seus domínios e começa uma louca cavalgada,
como se o mundo, como se a vida,
fossem se esvair nas águas revoltas,
que cercavam nós dois.

Num frenesi alucinante, Mulher
quase nos leva a loucura.
Espero e me contenho para chegarmos
juntos aos nossos limites.
Ela grita que me quer ver gozar
em sua flor rebelde e viva.
Quer que a tenha para sempre
e por todas as noites seguintes.

Sinto que ela esta muito a mil.
É o momento certo de ir mais devagar.
Tomo as rédeas de nossa cavalgada
e paro por um instante.
Recostando-a na borda,
sem tirar meus olhos dos dela.
Começo então a penetrar devagar em seu reino,
parando, acelerando e parando outra vez,
para que tomemos conta de nossa volúpia.

Suas unhas se cravam em minhas costas.

- Anda homem, me faz gozar você agora.
- Anda...

Mulher tenta me beijar, mas seguro com força
seus cabelos e não deixo.
Imediatamente começo a acelerar
meus movimentos.
Torço para não ter que esperar muito,
já não aguentarei muito mais tempo.

Mulher se contorce, grita,
me chama de mau, gemendo cada vez
mais forte e alto.

Nesse momento olho para cima e vejo,
na varanda, Aline nos observando.
Seus olhos estão como que vidrados no que vê.

Como a explosão de um vulcão, a presença
de Aline, vendo nossa fome, nossa verdade,
precipita o momento maior de entrega.
Mulher grita sem pudor, cravando seus dentes
em meu ombro.
E sem tirar os olhos de Aline,
despejo toda a minha força,
no interior de suas entranhas.

Ainda como que grudados um ao outro,
vamos aos pouco relaxando.
Ainda posso sentir em mim,
alguns espasmos de prazer de Mulher.

Beijando-lhe a boca,
colocando-a para boiar
e vou beijando todo seu corpo,
adiando ao Maximo o fim daquele momento.

Ficamos assim não sei quanto tempo.

Quando de repente, chega Aline e...


Parte VII - A Flor da Pele

Com a cara mais lavada, Aline como sempre, sorrindo bonito,
pergunta se queremos comer ali mesmo na piscina ou dentro da casa.

Um pensamento maldoso passou rápido e foi corroborado pelo olhar

de
resiguinação de Mulher...
Deu uma vontade danada de dizer;
_ Aline, o que mais queremos agora é comer.

Mulher ainda nua prefere entrar.
Esta com frio e toda arrepiada.

- Perigo, estou com um pouco de sono, mas com muita fome também.
- Me faz comer muito e não deixa eu dormir, por favor.

Com certeza estava cansada do trabalho, claro...

Aline caprichou na mesa.
Realmente ela sabia ser gentil e muito carinhosa.

Na mesa apenas harmonia e boas risadas.

Mulher estava descontraída e feliz.
Aline sorria, mas sempre usando aquele olhar ainda indecifrável.
Não conseguia parar de pensar em como me adiantar a ela.
Não queria sucumbir apenas à beleza, a juventude, ao presente.

Sentados juntos em um sofá no canto, Mulher deitou a cabeça em meu

colo, passando suavemente suas unhas em minha perna, como que para

não

deixar eu esquecer que ela estava presente.

Aline colocou um DVD dos Beatles com todas as musicas mais

românticas.
Assim embalamos num papo e a noite foi passando sem sentirmos.

Mulher adormeceu em meu colo, nos brindando com um semblante suave

e

lindo.
Com cuidado a peguei no colo fui e segui Aline até o quarto mais

próximo.

Acomodei Mulher, tirei seu roupão, a cobri com um lençol e alguns

beijos leves.
Saímos sem fazer barulho.

Vamos deixar-la descansar um pouco, diz Aline, olhando-me com cara

de

levada.
Pegando em minha mão me levou de volta para sala.

Indo até o aparelho de som, abaixei um pouco o volume,
colocando um CD de Jazz.

O Sax Tenor atacou suave, levando-me a viajar nas possibilidades
de jogar momentos perigosos.
Que poderiam ou não ser alimento ou veneno para os egos ali

presentes.

Aline voltou do bar, nem havia notado
que na casa havia um, com uma garrafa
de Proseco e uma de vinho do
Porto.

Dando-me o Porto, começou a deliciou-se com
sua bebida, passando propositadamente
a língua nos lábios.
Aline não tirava, por um segundo sequer,
os olhos dos meus.

De repente ela pergunta.

- Qual seu nome?
- Sei que entre você e Cantora não precisam existir nomes.
- Mas estou curiosa e não quero te chamar de Perigo.
- Até porque não te acho perigoso.

Olhou sério pela primeira vez,
ao mesmo tempo em que tirava a camiseta que vestia.

Somente de biquíni, Aline era uma
visão feita por de deuses caprichosos,
que criaram essa maravilhosa escultura em forma de mulher.

Sabendo que aquela atitude não passava de pura provocação,

respondi sem

titubear.

_ Meu nome pra você é Território Proibido.
_ Mas pode me chamar de Sem Perigo.

Sorrindo apenas comigo mesmo,
notei que Aline mordia os lábios com força.
Entendera que o seu intento não dera o resultado esperado.

Fazendo cara de garotinha mimada, Aline caminha em minha direção,
colocando seu rosto bem junto ao meu.
Beija o canto de minha boca, sorri se afastando dizendo;

- Quer dizer que posso chamar o "senhor" do que quiser?
- Qualquer nome mesmo?

_ Claro.
_ Mas com uma única condição.
_ Terá que me tratar sempre assim e nunca mudar.

Não queria que a imaginação fértil de Aline corresse solta.

- Tudo bem.
- Vou te chamar de Tio.

Rindo muito, Aline correu até o bar,
pegou outra garrafa de Proseco,
sorveu o liquido de maneira forte,
olhando com desdém para mim.

Acendendo o cachimbo, me recosto
na poltrona, tomo um gole do Porto
e sem mostrar qualquer surpresa
ou reprovação, pergunto a Aline;

_ Você não quer vestir a camiseta de volta?
_ Esta um pouco frio e sendo novinha assim, resfriado nunca é bom.

Com raiva, Aline dispara;

- Olha Tio, não estou com frio algum, além do mais, gosto mesmo é

de

estar sem roupa alguma.
- O Tiozinho se importa se ficar nua?
- Estou até com um pouco de calor.

_ Claro que pode fazer o que quiser.
_ Afinal você já tem mais de dezoito anos e sabe o que é bom ou

não

vestir.
_ Além do mais, eu e Mulher,
como somos mais velhos e teus amigos,
entendemos, mais do que você possa imaginar esse o teu modo de

agir.

- Que modo de agir?
- Sou assim mesmo.

Era o momento de apaziguar um pouco as coisas.

- Tudo bem Tio.
- Pensei que me achasse bonita e que iria gostar de me ver

totalmente

nua.

_ Você é linda.
_ Mas nem sempre apenas a nudez é bonita.
_ Você de camiseta e biquíni fica muito mais sensual e provocante.
_ Pode acreditar no que digo.

Se vestindo, Aline senta e fica com o olhar perdido em suas

vontades.

Levantando, a pego pela mão e sem dizer nada, passo a abraçá-la.
Sem resistência, ela retribui o abraço e apóia a cabeça em meu

peito.

_ Viu como não foi difícil.
_ Agora vamos poder dançar essa música.
_ Ela me faz lembrar de Mulher, quando a canta em seu show.

Aline me olha fundo nos olhos e sem dizer nada, me abraça forte,
começando a dançar lentamente.

É muito difícil resistir a aquela mulher.
Apenas dançando, ela transmite paixão, fogo, loucuras a serem

vividas.

Parando de dançar, afasto os cabelos de Aline e olhando com prazer
aquela boca a poucos centímetros da minha, não resisto, dou um

beijo
demorado no cantinho esquerdo de seus lábios.

A mão de Aline desce imediatamente para o meu..


Parte VIII - Inevitável Momento

Hora de decisão.
Depois desse beijo, nada seria como antes.
Aline oscilou entre dois extremos.
Em segundos provou da surpresa pelo gesto feito e ficou
alegre por pensar que estava conseguindo o que queria.

Quando os olhares se cruzaram,
Aline levou sua mão para meu peito,
fez um breve carinho, desceu um pouco mais,
sempre olhando fixo em meus olhos.
Com olhar de sacana, desceu mais a mão,
fazendo um gesto rápido e decidido,
soltou o nó que prendia meu roupão.
Abriu um pouco, olhou com curiosidade
para saber se meu estado era o que ela esperava.

Rindo faceira, tirou meu roupão de uma vez só,
dizendo sem remorso algum.

- Tio, parabéns!!!
- Para sua idade até que esta bem.
- Sua Cantora já tinha comentado que
você é um Tiozinho-Gato.

Agora com apenas uma toalha amarrada à cintura,
tive que admitir que ela realmente é esperta.
Me pegou de jeito em sua artimanha de menina
mimada, mas que em sua caminhada,
nem tanta experiência tem como pensa.

Sem perder a calma e recuperando o bom senso.
Afago suave seu rosto e com um sorriso nos lábios
disse não querendo magoar a bonita princesinha.

_ Tenho inveja e pena do homem que se apaixonar por você.
_ Mesmo que ele te ame muito e que você, com toda essa tua força,
retribua a esse amor, será muito difícil manter esse sentimento.
_ Você precisa aprender a beleza do conquistar.
_ Necessita distinguir que a posse no amor, só é completa,
quando voluntária.
_ Simplesmente pegar o que se quer, pode até ser mais fácil,
menos trabalhoso, pouco desafiante.
_ Por isso, não esquece menina, quanto mais fácil nasce
uma paixão, muito mais depressa ela se vai.

Dando-lhe as costas, sigo até o lavabo.
Jogo fora o excesso de vinho, lavo as mãos, o rosto,
visto outra vez o roupão e me encaminho para voltar
sereno para Aline.

Ao chegar à sala, a vejo sentada na poltrona com os
olhos fechados e duas lágrimas a enfeitarem seu rosto.

Sentando bem a frente dela, observo sem nada dizer.
O tempo nesses momentos faz bem que passe em seu próprio ritmo.

Ela se recosta, cruza as pernas e olha para o teto.
Sua imagem poderia servir de modelo para um pintor
renascentista.
Enxugando suas lágrimas, me olha com outro tipo
de olhar.
Agora ela parecia ser apenas mais uma mulher,
envolta no mar de duvidas, que cerca todos
os caminhos femininos quando carregam corações solitários
e carentes do amor verdadeiro.

- Perigo, podemos apenas conversar?
- Estou precisando falar, dizer o porquê disso tudo.
- Posso?

Mostrando que não percebi do que ela me chamou
e fazendo um ligeiro gesto de aquiescência com a cabeça,
digo que sim para Aline.

Sei que pode ser mais uma de suas artimanhas,
mas fazer o que?
Esse jogo é perigoso, mas uma vez ou outra,
bom de ser jogado.

- Sabe, aquilo que me disse é muito certo.
- Claro que quero conquistar um amor de verdade.
- Viver feliz com outra pessoa.
- Cultivar uma vida a dois.
- Enfim, viver sem ser só a gata gostosa.
- Você sabe como é difícil encontrar um cara que mereça
receber um amor de verdade.
- Eles só querem sexo e são uns cretinos.
- Bonitos, com dinheiro, mas com apenas uma cabeça que funciona.
- É uma merda isso.
- Como faço para ter a sorte de tua Cantora e achar um homem como

você?
- Anda, me diz Perigo.

_ Olha Aline, duas coisas tem que ficar bem esclarecidas aqui.
_ Primeiro: Mulher e eu não somos um do outro.
_ Segundo: O que te disser, não é a verdade absoluta é sim e
apenas é a minha verdade.

Muitas coisas foram ditas e outras tantas omitidas.
Aline estava, aos poucos, se revelando uma mulher triste,
sem esperanças no amor.
Mais um coração vazio em busca de uma emoção real.

Depois de muito falar e pouco escutar,
Aline diz que quer fazer mais uma pergunta e que essa será a

última.

Por um momento aquele olhar de predadora voraz, surgiu naqueles

olhos

que me fascinavam.

- Perigo, porque você não quer fazer amor comigo?
- Será que o que sente pela tua Cantora é tão forte assim?

_ Quem disse que não quero fazer amor com você?
_ Você sabe como é difícil resistir as tuas investidas.

- Então, porque não me ama agora?
- Porque faz eu me humilhar assim te pedindo um pouco de carinho.
- Me diz.

_ Carinho estou te dando desde que chagamos aqui.
_ Te amar, é difícil agora.
_ Temos que nos merecer para que o sexo valha à pena.

- Você não pode ser apenas um homem e me ter agora, não
pensando em mais nada?

_ Claro que posso, mas tem certeza que me quer apenas hoje e
sem nenhum envolvimento, como todos os outros em tua vida?
_ Se for assim, tudo bem.

- Porque tem que ter um amanhã?
- Porque temos que ter um sentimento maior?
- Acho que no fundo você esta apaixonado por essa Cantora e
isso faz não me querer.
- É isso?
- Me diz, anda.

_ Essa Cantora?
_ Pensei que fosse amiga dela.
_ Pareceu que vocês duas eram intimas amigas.

- Intimas?
- Nunca tivemos nada uma com a outra.
- Gosto de homem e ela também.
- Você esta redondamente enganado.

_ Se você diz.

- Para com isso.
- O que sentimos uma pela outra é só amor de amigas.

_ Não disse que não há amor entre vocês.
_ Você é que esta pensando num amor maior, só de vocês duas.

- Olha Senhor Perigoso, é melhor trocarmos de assunto.
- Vamos falar de nós dois, é bem melhor.

A cada instante Aline ficava mais desejável.
A vontade de abraçá-la forte e fazer mil carinhos eram quase

insustentáveis.
Mas ainda não era a hora de se fazer as vontades.

- Oi vocês dois.
- Espero que tenham se comportado enquanto eu dormia.
- Perigo, tudo bem meu amor?
- Foi bom eu dormir um pouco, estava cansada mesmo.

Mulher chegou radiante alegrando e melhorando o ambiente
ambíguo que estava na sala.

- E você Aline, se comportou bem com meu amor?
- Sei que é meio levada quando quer.

Mulher começou a rir.
Se levantando do meu colo e sem pressa foi se dirigindo para o

lavabo.

Logo atrás foi Aline.
Sei que as duas ficariam no banheiro um par de minutos.
Nesse meio tempo, um mergulho gostoso na água quente,
acalmaria os ânimos e as vontades.

Depois de umas braçadas fortes e chegando a borda,
vejo que Mulher e Aline estavam chegando de mãos dadas,
sorrindo muito, completamente nuas.

As duas se aproximam de mim dizendo em coro...

- Perigo, pronto para receber teu presente?



Parte IX - Hora do Presente

Claro que a surpresa maior foi o modo como as duas apareceram
na piscina. Nuas, sorridentes e com expressões maliciosas.

O contraste de suas peles realçava a beleza do quadro.
Mulher, de pele muito branca, com os mamilos rosados em seios

pequenos, pontudos, quase infantis.
Aline, com o corpo muito bronzeado, desfilava-o esculpido,
com seios ciliconizados e redondos, mas totalmente proporcionais.

Aline ainda guardara uma penugem negra a adornar seu sexo.
Mulher, sem pelos, nada escondia ou protegia meu desejo.

- Vamos ou não ao presente, Perigo?
- Estamos com muita vontade de dar para você.
- Vamos, vem com a gente pegar o teu presente.

Disse Mulher, agora sem rir e olhando fixo em meus olhos.

- Acho que ele nem liga para o presente.
- Ou acha que pode fazer feio e não gostar.

Aline falou rindo e com uma pitada de irritação na voz.

Nada no mundo faria com que eu desprezasse o presente dado por

aquelas duas.
Era tempo de acabar com o suspense e fazer à noite completa.
Mesmo achando que seria difícil Mulher aceitar compartilhar com

Aline esse momento.

_ Claro meninas, eu também estou pronto para dar meu presente para

Mulher.

As duas deram meia volta, empinaram as bundinhas, saindo da

piscina, indo direto para a sauna.

Pensando ainda em qual seria o meu presente para Mulher, o melhor

era dar mais um tempo para que as coisas esquentassem realmente na

sauna.

Torcia para que a temperatura não estivesse marcada para ficar

muito alta, já que meu corpo deveria estar a uns quarenta e dois

graus.
Ainda mais depois do que tinha visto e sentido ao ver aquelas duas

juntas e nuas na minha frente.

Passados uns dez minutos, sai da piscina e fui ao bar.
Achei um branco alemão, peguei três taças e me dirigi para a

sauna.
Afinal a noite toda foi preparada para esse momento.

A porta aberta significava que não tinham ligado a sauna.
O que estariam fazendo as duas lá dentro, nuas e sozinhas.
O desejo e a curiosidade imediatamente tomaram conta do meu corpo.
Sem avisar, entro devagar, para não assustar ou interromper, seja

lá o que for que estariam fazendo.

Estava meio escuro, uma penumbra mesmo.
Procurei me adaptar ao ambiente e vi as duas a poucos passos de

mim.

O lugar não era grande, mas agradável.
Algumas cadeiras, uns aparelhos para ginástica e espelhos em todas

as paredes.
Tocava uma música suave e o ar carregava um cheiro gostoso.

Chegando perto das duas, pude ver que não estariam dispostas a

beber nada naquele momento.

Mulher estava deitada em uma espécie de mesa com um colchão em

cima. Aline junto a ela lançou-me um olhar de paixão e fogo,

quando me viu.
Acariciei os cabelos de Mulher ao mesmo tempo em que segurei o

braço de Aline, puxando-a e dando-lhe um beijo demorado no rosto.

- Ainda bem que chegou.
- Precisamos de você aqui, esta faltando um homem agora.

Disse Aline mordendo os lábios.

- Vem perigo, agora é com você.
- Resolva o nosso problema.

Mulher falou ao mesmo tempo em que abraçava Aline.

Tomando posição no meio delas, comecei a fazer as vontades
das duas.
Daria minha colaboração para deixá-las satisfeitas.

Primeiro puxei Aline para o meu lado e...


Final

A coloquei sentada na mesa ao lado de Mulher.
Pedi para que Mulher sentar-se também.
Afastei-me dois passos para tras e sem perder por um segundo sequer, os olhares das duas, disse em tom seguro...

_ Sei que vocês duas estão querendo a muito, testar minhas vontades, meus desejos e sentimentos.
_ Tenho certeza que seria mais fácil apenas perguntar-me o que sinto.
_ Hoje, na realidade, não há motivo real para se dar presentes,
logo, vamos parar com o teatro e saber de verdade o que queremos uns dos outros.

Nesse momento os sorrisos desapareceram do rosto das mulheres a minha frente.

Mulher séria, me encarava com aquele olhar indecifravél.
Aline, olhava para o chão.

Sem perder o prumo continuei a dizer o que estava engasgado a noite toda.

_ Gosto de momentos romanticos, de situações diferentes e cheias de misterios.
_ Mas, nada mais me aborrece, que ser manipulado por quem quer que seja.
_ Tenho cereteza que essa noite será, para mim, inesquecivel, mas quem tomará as decisões, serei eu.
_ Chega que provocações, falsos desejos e tesão repentinos.

O silencio se fez presente.
Mulher agora me encarava com raiva.
Aline, segurava sua mão e desafiava-me com um sorriso de descaso e surpresa.

Sentado numa cadeira de frente para as duas, perguntei muito sério, mas sereno...

_ Vamos, qual é o meu presente?
_ Quem vai querer continuar com essa brincadeira que já passou da hora de acabar?

Olhando fixo para Aline, falei com voz calma...

_ Você menina bonita e mimada, tem que aprender que nem tudo, apenas com beleza e juventude, se consegue sem luta e muita vontade.
_ Mulher, estou surpreso de você expor nosso incerto envolvimento a esse tipo de situação.

Passado algum tempo, sem dizer palavra, me retiro da sauna, volto a casa , visto minha roupa, e saio sem olhar para tras.

Não vejo mUlher a umas duas semanas e só eu sei, como meu corpo ainda a deseja.
Aline, nunca mais vi pessoalmente, mas sei estar bem , pois todo domingo ela distribui sorrisos e beleza pela televisão.

Já se passou um mês e ainda ontem mesmo, passei a frente do clube onde mulher canta e sem pestanejar entrei para ve-la cantar mais uma vez.

Sentado na mesa de costume, cortesia comprada ao maitre, assisti ao show duas vezes, o que nos proporcionou algumas trocas de olhares sem muito significado, mas intrigantes como sempre.


Saí sem falar ou sentir essa Mulher, que foi tão especial, no seu jeito de ser, agir e ser lembrada em ser esquecida...



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Um comentário:

Nanci Cerqueira disse...
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