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28 de set. de 2009

Boca de Ausência



Ainda a pouco, agorinha mesmo,
peguei-me a soluçar pelo futuro,
pela fome, pela fraqueza,
pela omissão,
pela verdade,
pelo desafio, pelo tato,

pela luta, pelo ar,
pela pátria,
pelo desmando,
pela cobiça, pelo amor,

pelo comando, pelo testemunho,
pelo passado,

pelo amargor,pelo perfume,
pelo final, por você...
e vocês.

Num instante,
o soluço cessou,
a boca ficou cheia de ausências e tolas letras.

Estranho sentimento esse que me fez soluçar como que para
esconder lágrimas.
Bizarro acontecimento sem testemunhas, de que meu tempo se acaba
e que nada pode parar os demônios que me correm.
Mais infeliz ainda a contestação de que o sucesso é nada.
Que os filhos, são apenas ramos soltos ao sabor dos ventos da
liberdade e livre arbítrio de suas vidas.
O bem estar, o conforto, o dinheiro apenas te fará lembranças
aos gerentes de banco e herdeiros de pouca luta.

Os remédios e feitiços já não curam a esperança.
O amor e carinho que ainda recebo, percebo que são mais costumes
que emoções reais.
Quem muito ama e não sabe o porquê, é certo, que o sentimento
tornou-se apenas oportuno, habito conveniente, inconfidências
sociais.

Nada queria deixar ou ter.
Minha mente e meu corpo, já não servem de exemplo ou aventura.
Meu amor mais próximo se chama relógio, homens de branco e lindas
servidoras gentis, munidas de injeções e coloridos afagos
nas formas redondas, quadradas, oblíquoas,
de cada novo paliativo.

Terei saudades de algumas letras e de alguns afagos em forma de
comentários e atenção.

Meus irmãos de imaginação já se foram há tempos...

Tonril, querido amigo e confidente, partiu em busca de um novo pote de mel.

Sorriso mudou-se para um coração que ainda quer e pode tocar
fogo, deixando para trás, esse, que prefere e só pode apagar
incêndios.

Minha querida e insegura porção lésbica de minha caminhada,
Rubi, brindou-me com um sorriso meláncolico e se foi de mãos
dadas com uma mulher real.

Pode parecer triste, mas sei que nenhuma lágrima, essas ultimas
letras faram gotejar pelos rostos de umas meninas perdidas,
inseguras, solitárias, lindas de coração e corpo, que me fiz dono
e senhor, sem nunca ter permissão pedido ou dado a cada uma,
o merecido carinho, sexo, amor e tempo, apenas um punhado de
letras de ilusão.

Vou-me desse local de emoções e muitas noites, pedaços perdidos de papel, canetas que não entendiam o que eram obrigadas a grafar e
sentimentos loucos que sempre foram experiências vividas por
letras reais que formam meu nome.

Penso em colocar uma ultima música para fechar esse contexto que
de nada tem de importancia, mas a duvida e o gosto são ecléticos
demais.
Apenas homenagearei a águia que muito me fez companhia e que
ajudou a ter a boca cheia de presenças.
Só ofereço o primeiro solo como minha eterna entrega,
mas continuação é de cada um.
Peço-lhes que escutem até o fim e sigam comigo nessa ultima travessia, nessa pequena ilusão nas formas do "Viagens".

Nada de agradecimento ou adeus, apenas o que sempre e o que
qualquer um pode dizer

Um simples, ponto final.



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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

3 comentários:

R.Cássia Púlice disse...

Alguns momentos são compartilhados em lágrimas, soluços, sorrisos, paixões...
Muitas vezes num mesmo momento, precioso tempo irmão, gêmeos de sentimentos. E nem sequer sabemos...
Mas o ponto final, esse sim, é melhor que fique apenas para o final.
Minhas Bjks.

Nanci Cerqueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Márcia Pring disse...

Pouco tempo perto de pessoas especiais, valem muito mais que uma vida com outras que não nos dizem nada...

Certamente essas "meninas perdidas, inseguras e solitárias" do seu poema, tiveram seus momentos de troca intensa e um enorme prazer em receber "um punhado de letras de ilusão" que dispensam qualquer "permissão"...

"Ponto final" é uma questão de "ponto de vista"... Algumas coisas, alguns sentimentos e poucas pessoas nunca acabam...